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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Sem voz



Passaram-se cinco dias desde minha perda de voz. Nunca havia dado tanto valor a algo que nem imaginava um dia perder, ainda que temporariamente.


Pois bem, a vida sempre me surpreende de alguma forma, acho que pra me alertar sobre algo, ou simplesmente um puxão de orelha. Na quinta-feira feira acordei com uma sensação estranha, minha garganta gritava por líquido, eu não a alimentei. É difícil descrever o que ocorrera comigo, mas vou tentar.


Era 17h00min, já não falava muito, imaginei que fosse normal, já que suspeitava de uma gripe passageira. Quando cheguei a onde tinha que chegar já não podia falar nada. E aquilo era divertido, inicialmente, depois foi ficando tedioso e eu impaciente. Na sexta-feira, só podia me comunicar por gestos limitados e pela escrita, era uma situação conflitante, já que tinham momentos que necessitava expressar o que sentia por meio das palavras, e estas não me socorriam. Em casa, minha mãe sabia perfeitamente que não podia falar, ainda assim fazia questão de ficar gritando meu nome quilômetros de distancia como se eu pudesse responder algo, dava vontade de quebrar algo para ser ouvida.

No sábado fui há um show com as amigas, como não podia gritar devida minha condição, elas brincavam dizendo que eu abrisse a boca fingindo que saia algum som enquanto elas esbravejavam nada conveniente!

Tudo passa, por enquanto tem passado, e o fato é que após gargarejar e engolir uma quantidade significativa de conhaque com sal as coisas melhoraram significadamente, no que diz respeito ao bem estar de minha voz.

Diante do ocorrido, pensei no filme que semestre passado tinha assistido “o milagre de Anne Sullivan”, senti-me como a pequena Elen Keller, não completamente, visto que ela não podia ver ouvir e consequentemente falar, e nesse ultimo item que me encaixo. Imaginei o quanto ela sofrera não conseguindo até certo momento do filme expressar por meio da fala o que sentia, era angustiante querer dizer algo e não poder. Enfim, ela conseguiu superar suas dificuldades, apesar de não ter a visão, nem a audição, mas no fim tudo deu certo, pra ela e pra mim.

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