Apenas mais um sábado descartável

Há um bom tempo estou à margem do que se pode dizer “viver intensamente”, aliás, as coisas que tenho feito e idealizado distanciam-me ainda mais disso. Outro dia disse que “preferia a segunda-feira ao sábado e domingo”, minha fala revela muito sobre a forma que tenho vivido, é algo alarmante e assustador. Enquanto milhares de pessoas fazem seus preparativos pro fim de semana fico ligada na programação dos canais de TV. É bizarra a forma como lido com esta situação, sinto-me exausta de viver sempre os mesmos sábados.

Assim que acordo de manhã já tenho em mente quais serão meus passos nesse dia. Cuidar da casa enquanto ouço as mesmas músicas, brinco um pouco com o Max, enquanto almoço dou uma olhadinha nos clipes da MTV até que os famintos cheguem e se apoderem da casa, do quarto , da TV; então é hora de me retirar e arrumar o rastro de bagunça deixada por eles. 

Vencida pela exaustão do tédio entro pro meu quarto e tento dormir apesar dos lençóis estarem entrando em ponto de ebulição. Mais tarde, quando o silêncio toma conta da casa é hora de consumir o que de melhor a TV tem a ofertar numa tarde de sábado. È constrangedor, mas esse é o desfecho do meu sábado, assim como outros totalmente descartáveis.