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quarta-feira, 12 de maio de 2010

As flores amarelas


Lembro-me dos quatorze anos de idade quando fui passar uns tempos com minha tia em Itambacuri. Toda a manhã ia comprar o pão, mas a padaria ficava muito longe e era necessário que eu fosse de bicicleta, não reclamava, pois era maravilhoso, e nessa época vazia um friozinho bem gostoso de manhã.

Era primavera, todo o dia passava perto das árvores cobertas por flores amarelas que exalavam um perfume “exótico”, eu fechava os olhos e sentia aquele agradável perfume. Sentia-me livre, ousada que era soltava as mãos e andava de bicicleta. Parecia seguro, pois naquele horário tinha pouco movimento de pessoas e carros na rua. Sinto falta daquele tempo em que eu apreciava as coisas que Deus me dava, como sentir o perfume daquelas árvores, e era provável que tivessem pessoas que se sentiam incomodadas com ele, elas não sabiam o que era bom e como é bom usufruir desse bem.

Hoje não ando mais de bicicleta, e ainda com as mãos livres; tudo é tão perigoso que prefiro não correr o risco. O medo de sofrer um acidente é grande. Ando pelas ruas em alerta, e sempre apressada para algum compromisso que nem observo se já é primavera, ou se posso sentir o perfume das flores. Perdi algo essencial e prazeroso, que beleza há entre prédios, construções? Há tanto cinza na cidade que o verde perde força e muitas vezes acabam se fundindo com essas cores mortas .

E, quando fecho os olhos e me lembro daquela época é como se eu voltasse no tempo e ainda estivesse andando de bicicleta, sentindo o aroma das flores amarelas com os braços abertos sem temer mal algum, pois me sentia segura, protegida.

Fonte imagem: http://www.imotion.com.br/imagens/data/media/32/7031Yellow_Flower.jpg

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